quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

CRÍTICA DO FILME | STAR WARS: O DESPERTAR DA FORÇA (2015)



Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens) certamente foi o filme mais aguardado do ano. E como tal, as expectativas para que o diretor J.J.Abrams trouxesse o verdadeiro espírito de Star Wars eram altíssimas. O desafio que ele tinha em mãos era enorme: conseguir agradar os verdadeiros fãs da franquia (especialmente os fãs da trilogia clássica) e a nova geração que está sendo apresentada a este universo encantador a partir de O Despertar da Força. E felizmente, Abrams conseguiu realizar o desejo de todo fã. Ele superou todas as expectativas e presenteou o público com um filme que mescla a nostalgia com novidades interessantes para o futuro da franquia.

O filme é ambientando cerca de 30 anos após os acontecimentos de O Retorno de Jedi. No entanto, durante esse tempo, os resquícios do Império formaram a Primeira Ordem. Liderada pelo general Hux (Domhnall Gleeson) e por Kylo Ren (Adam Driver), a Primeira Ordem estrategicamente coloca-se como uma força militarista contrária à República e que está interessada em encontrar Luke Skywalker (Mark Hamill) e destruí-lo. Os únicos que podem impedir o plano da Primeira Ordem são a jovem catadora de lixo Rey (Daisy Ridley), o stormtrooper chamado Finn (John Boyega), o fofíssimo droide  BB-8 e o piloto X-Wing  Poe Dameron (Oscar Isaac). E eles contam com a ajuda, é claro, de Han Solo (Harrison Ford), Chewbacca (Peter Mayhew) e a General Leia (Carrie Fisher).


Um dos elementos que torna O Despertar da Força especial é seu bom roteiro ágil, que conduz os 135 minutos de projeção com uma fluidez incrível. J.J Abrams ao lado do veterano Lawrence Kasdan (que escreveu O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi) e de Michael Arndt fizeram um excelente trabalho, construindo a estrutura do filme com aquela cara de estarmos verdadeiramente assistindo um filme de Star Wars. Coisa que George Lucas ignorou completamente na trilogia dos prelúdios iniciada com o terrível A Ameaça Fantasma.

Muito da diversão e encanto de O Despertar da Força vem da maneira como Abrams nos leva de volta àquele espírito de Uma Nova Esperançae repleto de toques de O Império Contra-Ataca. Pode-se dizer que a estrutura deste episódio VII é muito semelhante à estrutura do episódio IV. Aqui vemos a jovem Rey representar o protagonismo que Luke tinha em Uma Nova Esperança. 
Mesmo utilizando características da trilogia clássica como a famosa transição de uma cena para outra através de uma barra que cruza a tela e utilizando rimas visuais e textuais em várias cenas e diálogos (como a clássica “I had a bad feeling about this” do Han Solo), o diretor investe em toques autorais como seus famosos flares, que aliás está numa das cenas mais bonitas do filme. E por falar em beleza, preciso destacar a fotografia impecável que enaltece takes belíssimos no planeta desértico Jakku e até mesmo nos voos dos TIE fighters.


Se há coisas que Star Wars não pode viver sem são seus sabres de luz, blasters e é claro as batalhas aéreas entre os X-Wings e os TIE Fighters. E aliás, rever a Millennium Falcon neste filme deixa qualquer fã arrepiado de emoção. Ver o quanto de carinho e cuidado foi empregado para deixar a nave tão real quanto ela era na trilogia clássica é magnífico.
Felizmente, Abrams decidiu utilizar o máximo possível de efeitos práticos e filmar muitas cenas em locação, tornando aquele universo totalmente palpável e realista. Cenas como a que Rey escorrega pelas dunas de Jakku é um claro exemplo disso. Se ele tivesse optado pelo uso exacerbado de efeitos digitais, a essência que representa Star Wars estaria completamente perdida.
E a essência da franquia também está no desenvolvimento dos personagens. Desde a clássica e amada dupla Han Solo e Chewbacca até os novos rostos, principalmente o trio Rey, Finn e Poe.

E como é lindo ver uma personagem feminina forte protagonizando a franquia mais popular do cinema e do mundo nerd. Vivemos um tempo em que Hollywood precisa cada vez mais investir em heroínas fortes, e Rey representa isso e muito mais.  A jovem Daisy Ridley é uma revelação e ela se entrega completamente à personagem, fazendo um trabalho maravilhoso em cena. John Boyega também não fica para trás. Ele possui um timing cômico muito bom, mas consegue também expor os conflitos dramáticos que cercam seu personagem, afinal é partir dele que sabemos como os stormtroopers são recrutados. E a química dos dois é outro ponto forte do filme. Todas as cenas envolvendo Rey e Finn são muito boas, principalmente as cenas em Jakku. Mas Boyega também divide ótimos momentos ao lado de Oscar Isaac, outro ator muito bem escalado. A escolha de uma mulher, um negro e um latino para papéis centrais no filme representa um avanço em Hollywood. O cinema está aos poucos entendendo que a representatividade é algo que precisa sim estar presente nas grandes produções. E o público também está começando a enxergar essa importância.


Em relação aos personagens da Primeira Ordem, Kylo Ren é um dos mais bem construídos do filme. Enquanto o General Hux e a Capitã Phasma (Gwendoline Christie) não possuem grande peso dentro da trama, a figura vilanesca está configurada em Kylo Ren. Existe um conflito dentro dele que não pode ser negado. A raiva e fúria que agem como combustíveis para terminar a missão de Darth Vader só contribui para essa complexidade do personagem. Contudo ele não é tão imponente como Vader foi e isso é desenvolvido propositalmente dentro da trama, já que Kylo Ren possui uma fragilidade e uma necessidade de se provar capaz de seguir os passos de Darth Vader. Aliás uma cena-chave do filme mostra perfeitamente os conflitos que existem dentro de Kylo Ren e a fotografia utilizada nessa cena em questão destaca uma luz vermelha em seu capacete que é fundamental para entender as ações do personagem.

É claro que eu não poderia terminar meu texto sem falar da bela trilha de John Williams, outro fator que deixa os fãs emocionados ao assistir O Despertar da Força. Williams criou novas faixas, mas que homenageia a trilha criada por ele próprio há 38 anos. 
Assim como Uma Nova Esperança e O Império Contra-AtacaO Despertar da Força já se tornou um dos melhores filmes da franquia. Não é qualquer filme que faz renascer o interesse por novas histórias e o episódio VII conseguiu esse grande feito. E a belíssima cena final nos deixa com aquela ansiedade enorme para que o episódio VIII chegue logo aos cinemas.

Trailer legendado:



FICHA TÉCNICA:
Gênero: Ação, Aventura, Ficção-Científica
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: J.J. Abrams, Lawrence Kasdan, Michael Arndt
Produção: J.J. Abrams, Bryan Burk, Kathleen Kennedy
Elenco:
 Harrison Ford, Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver, Oscar Isaac, Carrie Fisher, Mark Hamill, Domhall Gleeson, Lupita Nyong’o, Peter Mayhew, Gwendoline Christie, Andy Serkis, Anthony Daniels, Max von Sydow, Simon Pegg, Kiran Shah, Andrew Jack, Sasha Frost, Rocky Marshall.
Trilha Sonora: John Williams
Fotografia: Daniel Mindel
Montagem: Maryann Brandon, Mary Jo Markey
Figurino: Michael Kaplan
Design de produção: Rick Carter, Darren Gilford
Duração: 135 min.
Ano: 2015
País: EUA





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