terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Crítica de Filme | Expresso do Amanhã (2013)


Dirigido e co-escrito pelo cineasta sul-coreano Bong Joon-Ho (famoso pelos filmes O Hospedeiro” de 2006 e“Mother- A Busca Pela Verdade” de 2009), Expresso do Amanhã é o primeiro filme dele na língua inglesa e é baseado na graphic novel francesaLe Transperceneige  escrita por Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette. 

Em 2014, um experimento criado para combater o aquecimento global faz com que surja uma nova era glacial, matando quase toda a vida na Terra. Os únicos sobreviventes são os habitantes do Snowpiercer (ou o Perfuraneve na tradução literal), um trem que viaja ao redor do mundo através de um motor de movimento perpétuo. Dentro dele há um sistema de classes estabelecido, com as elites habitando os vagões da frente enquanto os pobres são marginalizados para os últimos vagões do trem, vivendo em situação de extrema miséria.

17 anos se passam e eis que em 2031, os habitantes da cauda do trem, cansados com o sofrimento opressor em que vivem,se preparam para uma grande rebelião contra o sistema de divisão de classes com o objetivo de encontrar o criador do Snowpiercer, o Sr. Wilford (Ed Harris) que vive no primeiro vagão do trem. Curtis (Chris Evans) se torna o líder da rebelião com a ajuda do sábio Gilliam (John Hurt), levando Edgar (Jamie Bell), Tanya (Octavia Spencer), Andrew (Ewen Bremner) e o resto dos habitantes da cauda para a revolta, mas antes, precisam enfrentar Mason, a ministra do trem interpretada por Tilda Swinton (aqui claramente fazendo uma caricatura inspirada em Margaret Thatcher), forçando seu caminho através dos vários vagões para a seção onde fica uma espécie  de prisão.Lá, eles liberam o prisioneiro Namgoong Minsu(Song Kang-ho), o homem que construiuas portas dividindo cada vagão, e sua filha Yona (Ko Ah-sung). Eles oferecem-lhe Kronol, uma droga a qual pai e filha são viciados, como forma de pagamentopara desbloquear as portas restantes e eles conseguirem encontrar com o Sr. Wilford pessoalmente. 

O longa de Bong Joon-Ho desenvolve perfeitamente uma temática que anos atrás já foi muito utilizada: o capitalismo opressor que fere a população miserável. Contudo, Joon-Ho usa esta temática para construir um filme inovador. Uma bela mistura de ação com ficção-científica filmada elegantemente. Graças aos planos usados por Joon-Ho onde ele consegue enquadrar seus personagens naquele espaço tão claustrofóbico, ele faz com que nós, espectadores também fiquemos com a mesma sensação sofrida por aqueles personagens ao longo de sua jornada dentro do trem. E o design de produção bem como a fotografia também enaltecem essa claustrofobia nas cenas dos vagões mais pobres e em um específico e assustador vagão onde Curtis e seus amigos precisam enfrentar soldados mascarados que utilizam todo tipo de arma cortante. Quando nos deparamos com os vagões das classes mais ricas, podemos testemunhar novamente o belo trabalho de Ondrej Nekvasil (design de produção) e Hong Kyung-pyo (fotografia), onde as cores ganham vida e mostram a soberba e a futilidade dos passageiros da elite.

Há uma dinâmica que impulsiona o filme para a frente – uma urgência implacável que exige que cheguemos à frente do trem, mesmo que nós não tenhamos nenhuma idéia do que está esperando por nós lá. A trajetória do filme de Bong Joon-Ho é semelhante a um videogame, onde cada vagão representa uma “fase” para seus personagens passarem e tentarem conseguir chegar ao seu destino final. E a junção desse tipo de ação com a metáfora social a que o filme se propõe, faz de Expresso do Amanhã uma das poucas obras de ficção-científica interessantes dos últimos anos. 

TRAILER LEGENDADO:

FICHA TÉCNICA:
Título original: Snowpiercer
Gênero: Ação, Drama, Ficção-Científica
Direção: Bong Joon-Ho 

Roteiro:
 Bong Joon-Ho, Kelly Masterson
Produção: Park Chan-wook, Lee Tae Hun
Elenco:
 Chris Evans, Song Kang-Ho, Ko Ah-Sung, Tilda Swinton, John Hurt, Octavia Spencer, Jamie Bell, Ed Harris, Alison Pill, Ewen Bremmer, Luke Pasqualino, Emma Levie, Vlad Ivanov
Fotografia: Hong Kyung-pyo
Design de Produção: Ondrej Nekvasil
Direção de arte: Stefan Kovacik
Trilha Sonora: Marco Beltrami
Duração: 126 min.
Ano: 2013
País: Coréia do Sul, França, EUA, República Tcheca




Nenhum comentário:

Postar um comentário