terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Crítica de Série | Mr. Robot - 1ª Temporada (2015)


(Post originalmente escrito em outubro de 2015)

Há pouco mais de 1 mês aconteceu a season finale de Mr. Robot, e para quem acompanhou os 10 episódios desta 1ª temporada está claro que ela é uma das melhores séries produzidas neste ano. Ou melhor, uma das melhores dos últimos anos.


O hype criado em cima da série ao longo de sua exibição pelo canal americano USA (e pelos torrents da vida) é bastante justificável pela qualidade da narrativa criada pelo showrunner Sam Esmail. O clima de tensão criado por Esmail é espetacular e para os fãs de produções televisivas de qualidade, Mr. Robot claramente tem algo especial. 
Na trama, acompanhamos o jovem Elliot (vivido por Rami Malek), um programador de uma empresa de segurança digital. Ele é antissocial e um excelente hacker e aproveita suas habilidades para proteger algumas pessoas a sua volta, como sua única amiga Angela (Portia Doubleday). Mas um certo dia, a vida dele muda completamente quando ele se depara com uma organização secreta de hackers que precisa recrutá-lo para tentar mudar a ordem do sistema sócio-político e corporativo vigente no mundo. Os conflitos e o desenrolar dos acontecimentos entre Elliot e a FSociety não revelarei no meu texto para não estragar a experiência de quem ainda não viu a série. Porque confiem em mim..as reviravoltas de Mr. Robot são de explodir cabeças de tão incríveis.




São poucas as séries de tv que possuem um formato que agrada os entusiastas da experiência cinematográfica na televisão. A cada episódio, Sam Esmail mostra um domínio discreto de música e cinema que nos leva a uma experiência incrivelmente única e fascinante.

Em termos de música, Mr. Robot tem magistralmente mostrado como cada música foi explicitamente escolhida para trazer coesão às cenas e transições importantes. Como amante de música e trilhas em geral, você consegue se encantar ao ouvir uma trilha sonora única e tão relevante para o desenvolvimento da história. Esmail mencionou que muitas cenas cresceram inicialmente a partir da seleção de músicas com o desenvolvimento da cena depois. A trilha do compositor Mac Quayle inclui notas que emanam suspense tecnológico, bem como puro silêncio que apenas destaca a instabilidade emocional dos personagens convergindo esse sentimento para o público.



O uso constante de técnicas cinematográficas não tradicionais trabalha para quebrar o conceito da interação tradicional espectador-sujeito. Elliot está em um constante estado de instabilidade, e como Esmail nos atraiu para ele com o seu trabalho de câmera, nós adentramos e passamos a fazer parte daquela mente instável. Constantemente há a quebra da quarta parede desde a narração em off proposital que nos torna o “amigo” invisível da mente de Elliot até a nossa visão do mundo de Elliot que se mostra torta a partir de enquadramentos propositalmente tortos em muitas cenas.

Ver Rami Malek na pele de Elliot foi uma grata surpresa, afinal só tinha visto algumas poucas participações dele em alguns filmes. Mas em Mr. Robot ele se destaca com uma performance extraordinária, exaltando o comportamento esquisito de seu personagem (e o que dizer de seus olhos esbugalhados que mesmo estranhos, nos trazem uma empatia enorme por ele). Há várias cenas em que senti uma vontade enorme de abraça-lo. O elenco coadjuvante também se mostrou bastante competente. Desde o canastrão Christian Slater(que há tempos estava precisando de um papel notável em sua carreira) até as jovens Portia Doubleday Carly Shaikin (que conseguem muito bem acompanhar o crescimento de suas personagens dentro da trama) e o sueco Martin Wallström interpretando o presunçoso Tyrell Wellick.




A série não tem medo de transitar entre a realidade e a ficção e de usar características de filmes famosos como Clube da Luta e Memento. Mas mesmo assim, Mr. Robot não repete essas obras, nos entregando uma marca própria em seu desenvolvimento de personagens.
Depois de uma excelente primeira temporada espero que Sam Esmail repita a mesma qualidade na segunda. E infelizmente teremos que esperar alguns meses para conferir a continuação da jornada de Elliot.
Estou pensando em me juntar à FSociety, e você? Are you ready to join the revolution?


Trailer da 1ª temporada:


FICHA TÉCNICA:
Criador da série: Sam Esmail
Roteiro: Sam Esmail
Direção: Sam Esmail (3 episódios), Jim McKay (2 episódios), Tricia Brock (1 episódio), Deborah Chow (1 episódio), Nisha Ganatra (1 episódio), Niels Arden Oplev (1 episódio) e Christoph Schrewe (1 episódio)
Elenco: Rami Malek, Christian Slater, Portia Doubleday, Carly Chaikin, Martin Wallstrom, Michel Gill, Frankie Shaw, Ben Rappaport, Sunita Mani, Ron Cephas Jones, Stephanie Corneliussem, Gloria Reuben, Azhar Khan, Michael Drayer, Bruce Altman
Trilha sonora: Mac Quayle
Fotografia: Tod Campbell, Tim Ives
Design de produção: Stephen Beatrice, Matthew Munn
Direção de arte: Alisson Ford, Anastacia White
Duração de cada episódio: 45 min.
Gênero: Drama, Thriller
Ano: 2015

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