terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Crítica de Filme | Ex Machina (2015)


Alex Garland, o roteirista de “Extermínio”“Sunshine – Alerta Solar” “Não Me Abandone Jamais”, estreia na direção com “Ex Machina”, um elegante e interessantíssimo thriller de ficção científica.
Domhnall Gleeson vive o jovem Caleb Smith, um programador de computadores que passa uma semana na propriedade de Nathan Bateman (vivido por Oscar Isaac), um gênio bilionário e dono de uma empresa estilo Google que escolheu viver recluso e longe da cidade grande. Ao chegar lá, Caleb descobre que foi selecionado por Nathan para participar de um Teste de Turing na mais nova criação do bilionário: uma inteligência artificial humanoide chamada Ava (vivida por Alicia Vikander). Caleb precisa avaliar as capacidades de Ava e determinar se ela possui emoções reais ou se ela é apenas uma inteligência artificial como outra qualquer.
Os robôs fazem parte da história da ficção-científica desde muito tempo atrás. De “Metrópolis” a “Exterminador do Futuro”, de “2001 – Uma Odisséia no Espaço” a “Ela”, a ideia de inteligência artificial está enraizada não só na cultura pop, mas na cultura mundial como um todo. As empresas de tecnologia do mundo inteiro estão ultrapassando as fronteiras da ciência desenvolvendo sistemas avançados de inteligência. O que antes era apenas ficção se tornou um fato. É claro que ainda não possuímos a tecnologia que assistíamos quando criança em Os Jetsons ou não presenciamos literalmente as invenções dos filmes citados acima, mas estamos cada vez mais próximos de se relacionar com inteligências artificiais. Na verdade, já nos relacionamos diariamente com muitas invenções inteligentes de empresas como Google e Apple.

No futuro próximo de Ex Machina, Nathan Bateman criou o mais sofisticado e emocionalmente inteligente robô do mundo. Se não fosse por seus fios expostos e órgãos biomecânicos, Ava poderia perfeitamente ser confundida com uma humana. Ela é uma criação tão realista que faz Caleb começar a ter profundos sentimentos por ela. Mas será que Ava sente o mesmo por Caleb? Ou ela está apenas fingindo gostar dele? Quem realmente está sendo testado no experimento de Nathan: o robô ou o humano? O filme traz à tona várias questões sobre o que significa ser humano, e como a natureza humana pode muitas vezes ser tão fria a calculista como uma máquina.
A ficção científica costumava ser um gênero que fazia grandes perguntas sobre quem somos e para onde estamos indo. No entanto, ao longo dos anos, filmes do gênero pediram menos de seus espectadores. Em vez de nos trazer questões intrigantes, muitas das novas ficções científicas prezam mais pelo espetáculo de efeitos especiais. Mas Ex Machina é uma ótima surpresa dentro do novo universo de ficções científicas, trazendo de volta ideias relevantes sobre o futuro da humanidade.

Alex Garland nos deu uma ótima mistura de thriller, drama e sci-fi, muito bem trabalhado tecnicamente que traz uma estética tão bonita. O design de produção e a fotografia do filme me lembraram muito alguns episódios da série (também britânica) Black Mirror, que também sabe trabalhar perfeitamente o impacto da tecnologia nas relações humanas. Aliás, quem não viu essa série, corre pra ver porque vale muito a pena.



O elenco de Ex Machina foi uma excelente escolha. O trio de protagonistas já estão na minha lista de melhores performances deste ano. Gleeson como o programador vulnerável, mas brilhante; Isaac como o gênio um tanto sinistro e egocêntrico; e Vikander como uma máquina que é mais humana do que um humano. 
O diretor soube muito bem alternar os tons do filme. Em alguns momentos ele é instigante e cativante, em outros ele é perturbador (no melhor sentido). Ele trouxe um cinema atraente e uma abordagem intrigante sobre a dicotomia tecnologia x ser humano.
“Ex Machina” é sem dúvida um dos filmes essenciais lançados esse ano. Em sua estreia como diretor, Alex Garland está de parabéns, realizando uma direção segura e muito competente além de um roteiro bem escrito e interessante.
E como será o futuro das relações entre a humanidade e a tecnologia? Teremos máquinas tão humanas como Ava? Será que isso é benéfico ou não para a humanidade? Estas são questões que precisamos refletir profundamente.

Trailer legendado:

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Ficção-Científica, Thriller, Drama
Direção: Alex Garland

Roteiro:
 Alex Garland
Elenco:
 Alicia Vikander, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac, Sonoya Mizuno, Corey Johnson, Claire Selby
Produção: Andrew Macdonald, Allon Reich, 

Fotografia: Rob Hardy
Trilha Sonora: Geoff Barrow, Ben Salisbury
Duração: 108 min.
Ano: 2015.
País: Reino Unido




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