Descrição da imagem: a personagem Sabrina Spellman olha para frente. À sua frente está um bolo de aniversário com 16 velas acesas. |
A personagem Sabrina Spellman remonta a 1962, quando ela
começou como uma personagem pequena no universo da Archie Comics, aparecendo em histórias ao lado de outros
personagens daquele universo como Archie, Betty, Veronica, Jughead e sua turma
(todos eles de Riverdale). Posteriormente,
ela ganhou sua própria história com sua própria escola e aventuras românticas e,
claro, com um pouco de feitiçaria.
No entanto, foi a TV e não os quadrinhos, onde Sabrina
alcançou o status de ícone. Sua história ganhou destaque nos EUA com o desenho
animado de 1970, Sabrina The Teenage
Witch - um spinoff de The Archie
Comedy Hour. E foi então que pouco
tempo depois ela conseguiu sua própria revista em quadrinhos.
Todas as versões de Sabrina foram diferentes - a história em
quadrinhos de Archie, o desenho animado, a série no formato sitcom da década de
90, Sabrina – A Aprendiz de Feiticeira (que
eu amava). É uma história que é contada repetidas vezes porque a Sabrina de
cada geração possui uma nova narrativa para contar e ser desenvolvida. Falando
sobre o reboot da Netflix, a atriz Kiernan
Shipka, protagonista desta nova versão mais sombria, disse que sua Sabrina
é totalmente atual e traz temas relevantes para essa geração. E ela está
certíssima. O Mundo Sombrio de Sabrina
não é apenas uma série sobre bruxas e aspectos sobrenaturais, mas também é uma
história que carrega temas e questões que envolvem representatividade, fator
que cada vez mais vem ganhando destaque nas produções televisivas.
Descrição da imagem: Sabrina, sorrindo está ao lado de suas amigas Susie (segurando um pacote de pipoca) e Roz e seu namorado Harvey. Atrás deles encontra-se uma cabine de bilheteria de um cinema. |
O showrunner Roberto Aguirre-Sacasa dá a esse reboot
de Sabrina uma roupagem sombria e tensa, cheia de emoções sangrentas, momentos tensos
e vilões um tanto quanto assustadores (como o próprio diabo). Em cada episódio,
Sabrina e toda a cidade de Greendale dão um passo cada vez mais mais perto para um final mais
sinistro.
Sabrina é uma adolescente meio bruxa e meio mortal. Seu pai
era um poderoso feiticeiro e sua mãe, uma humana normal de Greendale. Desde a morte
deles num misterioso acidente, Sabrina foi criada por suas tias Hilda e Zelda
Spellman. Mantendo sua herança mágica em segredo, ela frequenta a escola Baxter
High School com suas melhores amigas, Roz e Susie, e seu namorado, Harvey. Sua
personalidade que combina uma teimosia (um resgate das outras versões da
personagem) com seu altruísmo me faz lembrar outro famoso personagem bruxo:
Harry Potter. Os dois possuem backgrounds um pouco parecidos (tirando o fato de
Harry ter sido criado com tios horríveis) e uma narrativa semelhante como os
escolhidos em suas respectivas histórias.
Conhecemos Sabrina Spellman enquanto ela cuidadosamente conta os dias em seu calendário, levando à
data em que ela escreveu “16º aniversário” e logo abaixo “Batismo das Trevas” no dia 31 de outubro. Suas tias (bruxas ativas em seu coven, A Igreja da Noite)
preparam Sabrina para seu batismo e a incentivam a honrar o nome da família
Spellman, desejando transferi-la da sua
escola humana para uma escola de bruxas, a Academia das Artes Ocultas. A antiga
instituição é liderada pelo sumo sacerdote do coven, Faustus Blackwood, mas os
corredores são governados por um trio de garotas malvadas e poderosas,
apelidadas de The Weird Sisters (uma
versão bruxa das Mean Girls). No
entanto, Sabrina não quer se submeter ao batismo porque assinar “O Livro da
Besta” significa entregar sua alma para o Lorde das Trevas e renunciar a sua
vida mortal. Ela deseja ficar no mundo comum com as pessoas que ama, afinal,
foram seus amigos humanos que sempre estiveram em sua vida e dizer adeus a eles
é algo doloroso demais. E além de tudo, ela deseja sua liberdade individual e
não uma vida em que seja obrigatório obedecer a preceitos impostos por uma
sociedade excludente e fundamentalista. (Isso
é bem familiar com nosso mundo real, né non?!)
A história fornece alguns problemas e resoluções simples e
satisfatórias ao longo do caminho, já que Sabrina e seus amigos confrontam de tudo,
desde atletas machistas do high school até censura de obras literárias na
escola (olha a crítica social foda sobre
a tentativa de criar uma escola sem partido) – e é claro, feitiços de
exorcismo, ressurreição e outras bruxarias legais e sinistras. A série tem uma estética retrô (dos carros ao figurino), mas sensibilidades modernas sobre o feminismo e o respeito à
identidade de gênero de cada um.
Kiernan Shipka é
brilhante no papel, enfatizando a inteligência e a compaixão de Sabrina ao
triunfar sobre valentões, monstros e misóginos, enquanto se une com seus amigos
quando eles precisam dela. Os personagens coadjuvantes também são bem construídos,
como as tias de Sabrina, Hilda (Lucy
Davis) e Zelda Spellman (Miranda
Otto) ganhando ótimos desenvolvimentos de personagem. A tia Hilda é simplesmente a personagem mais
amorzinho da série 💖 e a Zelda de Miranda Otto é muito diva mesmo. Harvey (Ross Lynch) é mais do que um namorado
doce. Ele decide desafiar o pai para tentar construir sua própria história. As amigas
de Sabrina, Rosalind (Jaz Sinclair)
e Susie (Lachlan Watson), também têm
suas próprias histórias de fundo que lentamente se desenrolam até se tornarem
essenciais para os enredos centrais da série. Ambrose (Chance Perdomo), primo de Sabrina e o melhor personagem 💖 , atua
como seu confidente e oferece alguns conselhos mágicos quando ela mais precisa.
Ele também oferece ao público um pouco de leveza durante os momentos mais difíceis da
série e assim como os outros coadjuvantes, ele possui um background
interessante que pode ser explorado na segunda temporada. Entre as Weird
Sisters quem mais se destaca é Prudence (Tati
Gabrielle), a Regina George do coven e rainha destruidora mesmo! Os
personagens antagônicos que também surpreendem são a Sra. Wardwell (muito bem
interpretada por Michelle Gomez) e o
padre da Igreja da Noite, o Sr. Blackwood (Richard
Coyle). E claro que eu não poderia me esquecer de Salem, o gato de Sabrina, que na série é como um protetor dela uma vez que todo bruxo precisa de um animal chamado de familiar. E mesmo ele não sendo um gato falante como acontecia com o Salem da série dos ano 90, ele se torna muito icônico até na vida real (basta ver suas fotos no evento da première da série).
Descrição da imagem: Ambrose em seu quarto, olha assustado para algo. |
A direção dos seus 10 episódios é bastante diversa e alguns podem se diferenciar de outros, mas sem muitas mudanças estilísticas.
É ótimo saber que duas diretoras (Maggie
Kiley e Rachel Talalay)
comandaram alguns episódios e elas também já dirigiram episódios de outras
séries como Riverdale e Doctor Who. Por falar em Riverdale, há
sutis referências sobre ela em O Mundo Sombrio de Sabrina uma vez que ambas as
séries fazem parte do mesmo universo de quadrinhos. Mas uma série não é spin
off da outra e não há a necessidade de assistir Riverdale antes de Sabrina. É
comum estranhar um pouco a câmera e a fotografia da série em seus primeiros
episódios, onde há cenas que possuem o ambiente desfocado ao redor de Sabrina,
mas isso vai diminuindo aos poucos no decorrer da narrativa. Os efeitos
especiais são simples e não prejudicam a qualidade da obra.
O Mundo Sombrio de
Sabrina é uma ótima mistura de fantasia, dramas adolescentes e uma pitada
de terror que faz a série ser divertida e envolvente e que também discute temas
sociais relevantes e necessários. A segunda temporada já está garantida para o próximo
ano e agora em dezembro vai ser lançado um episódio especial de fim de ano para
celebrar o dia do solstício. Praise
Satan!
Trailer legendado
FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama, Fantasia, Terror
Título Original: Chilling Adventures of Sabrina
Número de episódios: 10
Criador: Roberto Aguirre-Sacasa
Direção: Rob Seidenglanz, Maggie Kiley, Lee Toland Krieger, Craig William Macneill, Viet Nguyen, Rachel Talalay, Alex Garcia Lopez, Alex Pillai
Direção: Rob Seidenglanz, Maggie Kiley, Lee Toland Krieger, Craig William Macneill, Viet Nguyen, Rachel Talalay, Alex Garcia Lopez, Alex Pillai
Roteiro: Roberto Aguirre-Sacasa, Donna Thorland, Matthew Barry, Oanh Ly, Lindsay Calhoon Bring, Axelle Carolyn, Joshua Conkel, Christianne Hedtke, Mj Kaufman, Ross Maxwell
Elenco: Kiernan Shipka, Ross Lynch, Miranda Otto, Lucy Davis, Chance Perdomo, Michelle Gomez, Jaz Sinclair, Lachlan Watson, Richard Coyle, Tati Gabrielle, Adeline Rudolph, Abigail F, Cowen, Gavin Leatherwood, Darren Mann, Bronson Pinchot, Justin Dobies, Christopher Rosamond, Anastasia Bandey, L. Scott Caldwell, Megan Leitch, Alessandro Juliani, Alvina August, Georgie Daburas, Annette Reilly, Ty Wood, Peter Bundic
Produção: Matthew Bary, Craig Forrest, Ryan Lindenberg
Fotografia: Brendan Uegama, Craig Powell, Stephen Maier, David Lanzenberg
Trilha sonora: Adam Taylor
Edição: Elizabeth Czyzewski, Rita K. Sanders, Harry Jierjian
Figurino: Angus Strathie
Design de produção: Lisa Soper
Direção de arte: Aer Agrey, Stevo Bedford
País: EUA
Ano: 2018
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