domingo, 5 de fevereiro de 2017

Dias Perfeitos (Raphael Montes)



Sinopse:

Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável. A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, repleto de surpresas, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos é uma história de amor, sequestro e obsessão. Capaz de manter os personagens em tensão permanente e pródigo em diálogos afiados, Raphael Montes reafirma sua vocação para o suspense e se consolida como um grande talento da nova literatura nacional.

Minha opinião:

Dias Perfeitos chegou a mim por recomendação. E é assim que ultimamente tenho adquirido livros, uma vez que há tantos títulos publicados e grande parte com muita qualidade literária e editorial. A maioria dos leitores – assim como eu – não tem condições financeiras ou até mesmo tempo para ler tantos autores. Por isso, cresce a cada dia a importância das resenhas literárias, entrevistas com os autores, e a boa e velha recomendação de amigos. Fatores que realmente tem me influenciado na hora de decidir que livro comprar.
No caso, de Dias Perfeitos, além de várias indicações, foi a leitura da primeira página do livro por Flávia Iriarte em seu canal no YouTube, o Carreira Literária, que consolidou a aquisição.
Na dúvida, sempre estou recorrendo a resenhas.
Explicado a importância de uma resenha, vamos ao que eu achei do livro: se logo na primeira página o autor conseguiu me prender e me deixar curioso para o resto da história, com as outras páginas, não foi diferente, Raphael Montes, através de um narrador em 3ª pessoa, que não interfere na história, opta por mostrar os personagens através de suas ações, e mergulhos no psicológico de Téo – uns dos pontos fortes do livro –, o que leva o leitor a se prender a narrativa.
Téo é o personagem principal, ele é um solitário estudante de medicina, que tem a responsabilidade de cuidar da mãe paraplégica. É pertinente ressaltar um fator importante sobre a sua personalidade, ele se acha superior as outras pessoas. Para Téo “O mundo estava repleto de idiotas. Bastava olhar ao redor: idiota de jaleco, idiota de prancheta, idiota de voz aguda que agora falava de Gertrudes como se a conhecesse tanto quanto ele”.
E o fato de se achar mais inteligente que qualquer outro ser humano, influencia diretamente em seu caráter e em suas ações, que o leva a cometer crimes graves acreditando que está fazendo a coisa certa.
A história se desenvolve quando Téo conhece Clarice, em uma festa que está presente contra sua vontade, pois fora para agradar a mãe, e se apaixona por ela, uma menina que quer ser roteirista de cinema. Isso, após ela se dirigir a ele, sendo simpática. Eles conversam sobre vários assuntos, a espontaneidade da jovem, bem como o ar de rebeldia, é o bastante para que ele passa a desejá-la. Após a festa, ele busca uma aproximação não muito convencional, um tanto quanto doentia. E ao receber um não da garota, Téo tem a ideia de que a sequestrando e obrigando-a passar uns dias com ele, ela também irá se apaixonar.   É então que passamos a conhecer até onde pode ir uma pessoa de mente doentia e perturbada.
É pela emoção, surpresa e beleza que geralmente uma obra literária tem a capacidade de conquistar, mas Dias Perfeitos conquista pela estranheza que nos propõe, pelas peculiaridades de Téo, um vilão e protagonista, que mesmo cometendo atos terríveis, você passa a querer ver mais e mais do que ele é capaz.
Desde a leitura de Diário do Farol, de João Ubaldo Ribeiro, eu não ficava tão impressionado com um personagem, em ambos os casos, ao se tratarem de vilões, protagonistas e sociopatas – em Diário do Farol, o narrador está em 1ª pessoa. Quem quiser também pode ler a resenha de Diário do Farol aqui mesmo no site, por Liz Frizzine.
Dias Perfeitos tem ótimas guinadas, sobretudo na reta final. Raphael Montes nos traz uma história diferente, fora do que estamos acostumados dentro do gênero, algo difícil de se fazer, porém o autor mostra que é possível.
A leitura da obra mexeu muito comigo, e eu terminei o livro me sentindo feliz, não com os rumos que a história acaba tomando, mas por saber que Téo é só um personagem. Que não corremos o risco de trombarmos com ele por aí…
Raphael Montes Nasceu em 1990, no Rio de Janeiro. Advogado e escritor, publicou contos em diversas antologias de mistério, inclusive na Playboy e na prestigiada revista americana Ellery Queen Mystery Magazine. Suicidas (Saraiva), romance de estreia do autor, foi finalista do prêmio Benvirá de Literatura 2010, do prêmio Machado de Assis 2012 da Biblioteca Nacional e do prêmio São Paulo de Literatura 2013.

Leitura recomendada!
                                      
Ficha Técnica:

Título: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes
ISBN-13: 9788535924015
ISBN-10: 8535924019
Ano: 2014 / Páginas: 280
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras


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